Isaac Roitman*
Artigo publicado no site do Pensar a Educação
A educação científica em conjunto com a educação social e ambiental oferece a oportunidade para as crianças explorarem e entenderem o que existe ao seu redor nas diferentes dimensões: humana, social e cultural. A educação científica desenvolve habilidades, define conceitos e conhecimentos estimulando a criança a observar, questionar, investigar e entender de maneira lógica os seres vivos, o meio em que vivem e os eventos do dia a dia. Estimula a curiosidade e imaginação e o entendimento do processo de construção do conhecimento. Investir no conhecimento científico contribuirá para que os seus resultados estejam ao alcance de todos. Além disso, é fundamental para que a sociedade possa compreender a importância da ciência no cotidiano. Ela também representa o primeiro degrau da formação de recursos humanos para as atividades de pesquisa científica e tecnológica.
A importância da educação científica – ensino de ciências – já vem sendo apontada há décadas. Ela foi realçada no Manifesto dos Pioneiros da Educação em 1932. Na década de 50 do século passado, uma das primeiras iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi a introdução do Programa de Iniciação Científica para estudantes universitários. Em 2004 o CNPq criou o Programa de Iniciação Científica Junior para estudantes do ensino básico. Várias iniciativas virtuosas foram introduzidas como o da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento da Ciência (FUNBEC), o Programa de Vocação Científica (FIOCRUZ), Projeto Mão na Massa (ABC), Escola de Ciências em Natal, Macaíba (RN) e Serrinha (BA) – (IINN-ELS), Revistas “Ciência Hoje” e “Ciência para as Crianças” (SBPC), Projeto Ciência, Arte e Magia (UFBA), Projeto Ciência e Tecnologia com Criatividade (CTC/Sangari).
A alfabetização científica entre os nossos estudantes do ensino básico é importante e prioritária. Roger Bacon há cerca de 800 anos em sua obra já dizia: “Sem um experimento nada pode ser conhecido adequadamente. Um argumento prova sob o ponto de vista teórico, mas não leva a necessária certeza para remover todas as dúvidas”. Em outras palavras podemos afirmar que a incorporação da experimentação no ensino de ciências é um requisito absoluto. Nesse contexto a publicação do livro “Ensino de Ciências com Brinquedos Científicos” – Editora Livraria da Folha/2016 – de autoria de Paulo Henrique Dias Menezes, Wagner da Cruz Seabra Eiras, Elói Teixeira Cesar e Leonardo Matos Malheiros, introduzem uma grande contribuição mostrando que com materiais de extrema simplicidade – garrafas pet, conta-gotas, fita crepe, balão de borracha, elástico, guardanapo de papel, canudinhos, prego, lata de refrigerante, clipes de papel, pilhas, etc – pode-se montar experiências nas salas de aula onde são introduzidos os principais conceitos físicos envolvidos na construção e no funcionamento do brinquedo.
No livro são apresentados roteiros para a construção de dez brinquedos científicos que são organizados em oito secções: 1. Conceito físicos; 2. Material necessário; 3. Questão; 4. Procedimentos para a construção; 5. Brincando e aprendendo física; 6. Brincando eu aprendi; 7. Respondendo a questão e 8. Para brincar mais. Todos os conceitos desenvolvidos nos brinquedos foram retirados de um programa de ciências do ensino fundamental. O livro é um dos resultados do Curso “Ensino de Ciências com Brinquedos de Baixo Custo” realizado no Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com o apoio da CAPES e da FAPEMIG.
Estão de parabéns os colegas da UFJF por introduzirem uma metodologia que permitirá a socialização do ensino de ciências e uma atividade dinâmica de baixo custo e participativas das crianças brasileiras.