2022: O Brasil Que Queremos: “As cinzas não conservam a memória”

Noite de debates em torno da ciência e da tecnologia resgata o humanismo como razão para o progresso

“Com o auxílio da União Planetária, a ciência e a tecnologia precisam juntar as mãos com o humanismo”. A citação lúcida do cientista nonagenário Sérgio Mascarenhas sintetizou mais uma noite de ricos debates em torno da ciência e da tecnologia como parte de um ciclo de audiências públicas criado pelo Movimento 2022: O Brasil que Queremos e pela Comissão Senado do Futuro, em parceria com a União e Universidade de Brasília (UnB). Ocorrido no dia 26 de março, no Plenário 13 da Ala Alexandre Costa, no Anexo II do Senado Federal, o encontro reuniu personalidades de renome da área e contou com o tema: “Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia no Brasil”.

\"\"Mediada pelo senador Hélio José (PROS/DF), com apoio do professor Isaac Roitman (UnB), a mesa contou com personalidades de renome da área, como Sérgio Mascarenhas, professor da Universidade de São Paulo (USP); Mário Neto Borges, presidente do CNPq; Ildeu de Castro Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); e Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia (Musa).

O tom do encontro tratou da necessidade urgente de investimentos no setor, com o fomento na tenra educação dos jovens, além da retirada de obstáculos ao desenvolvimento da área no País. Em uma das falas, Mário Neto Borges relacionou alguns pontos necessários ao fomento do setor no Brasil, como a derrubada dos vetos presidenciais à Lei 13.243/2018 (que dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação); a manutenção das fontes de financiamento sem cortes e sem contingenciamento; o não contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT); e a aprovação do Fundo Privado para Ciência, Tecnologia e Inovação (CT & I).

Ildeu de Castro Moreira foi além. Ao criticar os cortes de verbas do governo federal à área de ciência e tecnologia, citou a expressão latina “nullius in verba” (“nas palavras de ninguém”, que também pode significar “questione a autoridade e veja por si mesmo”), dizendo que expressão foi traduzida pelo governo como “nada de verba”. Para ele, “ciência não é gasto, é investimento”. Segundo ele argumentou, qualquer país que queira se desenvolver precisa equacionar essa questão de forma racional.

Ennio Candotti, ao lembrar do patrimônio inexplorado e riquíssimo da Amazônia, destruída pelos desgovernos de vários governos, falou que “as cinzas não conservam a memória”, e que um povo sem memória não tem perspectivas de futuro.

\"\"Um dos pontos altos da noite consistiu de falas que salientavam a necessidade de que a ciência e a tecnologia sejam consideradas indissociáveis do humanismo, sem o qual a área perde a razão de existir. “Razão e sensibilidade são como as asas de um pássaro”, que possibilitam o voo do homem rumo ao progresso e à paz, ressaltou Ulisses Riedel, presidente da União Planetária. “Sem a razão, tudo perde a razão”, sintetizou ele.

 

Confira alguns trechos do referido evento, a partir da cobertura da TV Senado:

Clique aqui e assista à audiência na íntegra

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