“De um professor se reclama duas coisas, fundamentalmente: que seja competente naquilo que faz e que seja ético”, diz José Pacheco

Fundador da Escola da Ponte questiona a educação tradicional e afirma que ela não contribui para uma aprendizagem eficiente de todos os alunos

“Mesmo dando as minhas aulas bem dadas, com um bom planejamento e bons materiais, não conseguia ensinar a todos. Pra mim, eticamente o meu comportamento era reprovável, porque teria de ensinar a todos os alunos”.

Referência internacional, a Escola da Ponte nasceu de uma inquietação e disposição do educador e mestre em ciências da educação José Pacheco, e de mais dois professores, para mudar o sistema de ensino tradicional de Portugal, visando um novo paradigma educacional que priorizasse os valores humanos fundamentais, a autonomia dos alunos e inclusão social.

A Ponte foge totalmente do modelo tradicional das escolas do país europeu e do mundo. Apesar de fazer parte da rede pública portuguesa, a escola de ensino básico, localizada a 30 quilômetros da cidade do Porto, não segue o sistema padrão de seriação ou ciclos de aprendizagem adotados pelas demais escolas. Lá, também não há manuais, salas, muros, paredes, tão pouco aulas expositivas ou testes marcados pelos professores, como explica Pacheco, em entrevista concedida para o programa “2022, o Brasil que queremos”.

“Durante sete anos, antes de chegar à Ponte, exerci meu multiprofissional da melhor forma possível, como qualquer outro professor. Dava minhas aulas, mas tinha um sentimento de, sei lá como classificar, até de desgosto, porque eu trabalhava muito bem, como, aliás, todos os professores. Mas, todos os anos havia aluno que não aprendia, que reprovava, e eu estava muito inquieto com isso, e a Ponte começa quando encontro, aos vinte sente anos, duas pessoas que sofriam da mesma inquietação”, lembra.

Sob o comando do professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), Isaac Roitman, a edição do programa “2022, o Brasil que queremos” com o educador José Pacheco foi gravada no restaurante vegano Supren Verda, na capital federal, no mesmo dia em que ele lançou o livro “Escola da Ponte: uma escola pública em debate”.

No decorrer da entrevista, Pacheco conta porque a Escola da Ponte deu tão certo e como ela ficou conhecida internacionalmente. Ele explica, ainda, como os alunos e professores se adaptam a esse novo modelo. Pacheco também comenta sobre a realidade da educação no Brasil e defende que é necessário mudar as políticas públicas e o modo como se vê a educação no país.

Confira, abaixo, a entrevista completa, e veja quais projetos foram implantados no Brasil que seguem práticas adotadas na Ponte, como é o caso da Escola Projeto Âncora, localizada em Cotia, São Paulo, e que funciona desde 2012.

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