Por Aldo Paviani, Geógrafo, Professor Emérito da UnB e membro do Núcleo do Futuro e do Neur/Ceam/UnB, para o Correio Braziliense
Cada vez mais a humanidade precisará antever o futuro a partir de experiências vividas e de situações exigentes de olhar adiante, próximo e remoto. Assim, nas gestões públicas – municipal, estadual e federal – a antevisão dos problemas atuais, requer considerar a atividade de planejamento, isto é perscrutar o futuro. Em outros setores da vida cotidiana, também é essencial ter visão prospectiva e organizar as atividades para o melhor desempenho, por exemplo, em empresas, instituição e no interior das famílias. Por isso, pergunta-se: como chegar a 2030 ou mesmo a 2060? A partir do ocorrido há duas décadas.
A atualidade mostra evolução? Mudou? Vale com isso, pensar o rumo das atividades sociais, políticas e econômicas – não necessariamente nessa ordem – para ter rumos mais virtuosos, com qualificada equipe de planejamento. Uma das vantagens será a de antever que metas e montante de recursos, materiais, técnicos, científicos e pessoais, serão destinados ao planejamento, para ter em conta o desdobrar de atividades, umas ligadas a outras, de forma abrangente, com visão de totalidade. As demais características deverão ser estabelecidas pela equipe planejadora.
Do que temos em mãos, há inúmeros exemplos de como o planejamento se encontra em toda a parte. As unidades familiares são emblemáticas. Se não houver percepção do que se passa, em alguns dias e meses adiante, pode haver desestruturação, a começar pelo que o orçamento permite chegar à \”qualidade de vida\”. É no núcleo familiar que as condições materiais e espirituais demarcam e se disseminam. Por exemplo, há notícias de famílias e pessoas com problemas financeiros, em situação falimentar porque os recursos não cobrem os custos com alimentação, moradia e vestuário, entre outros. Por isso, exigisse-se de donas de casa sapiência na divisão do dinheiro. Esse comportamento é fundamental.
Em outra escala e outro setor, a atualidade indica que o homem – na eterna busca do desconhecido – planeja viagens fora de seus territórios ou circunstâncias. Desde as Grandes Descobertas de 1500, com Espanha e Portugal, com as caravelas e naus, se dobrou o Cabo da Esperança e se descobriram novos continentes. Há evidências de atividades intensa de previsão dessas epopeias marítimas e seu retumbante êxito. Há muitas obras e relatos desses eventos na história da humanidade. E, para os mais curiosos, a Torre do Tombo possui exemplares dos mapas, cartas e relatos dos feitos dos arrojados navegadores. Sem que se antecipasse o que viria, diante do Mar Tenebroso, as duas potências da época não teriam logrado êxito alcançado.
Chegando ao século 20 e ao atual, o planejamento se repete no que deixa perplexo qualquer pessoa que pense sobre as navegações orbitais e de âmbito mais amplo, rumo à Lua e projetando a ida a Marte. É o arrojo dessas novas descobertas que as potências espaciais organizam os lançamentos de satélites e de cápsulas tripuladas. Isso sequer era imaginado há 100 anos, ou menos, e que avança a custos astronômicos julgados compensadores. Os que estão nessa corrida espacial, competem, mas cooperam mutuamente e, com isso, há progressos. Sem que tudo estivesse nos cálculos, pranchetas e poderosos computadores, o progresso seria lento.
Portanto, as atividades de milhares de engenheiros, economistas, psicólogos, químicos, físicos e outros compõem equipes inter, multi e transdisciplinares para as operações de lançamento e voo. Há sucessos – muitos; fracassos, alguns, esses devidos a fatores não previstos. Mas, no geral, sempre há festejos nos ganhos e nos avanços. Muito salutar é que teremos muitas surpresas, no futuro. A cada dia há confirmação de que os homens estarão indo mais longe em termos do cosmo – conhecido ou não.
Avalia-se que, há caminhos a percorrer para ir em frente, não apenas em certas áreas do conhecimento – ciência, tecnologia, inovação – mas envolvendo pesados investimentos em Educação – em todos os âmbitos e no combate às desigualdades sociais, econômicas e políticas. Há que descobrir talentos e estimulá-los para ter ganhos técnicos científicos no rumo do que almejamos atingir no futuro. Enfim, em nosso contexto, o planejamento deve estar mais evidente para ampliar os ganhos sociais, políticos para reduzir as desigualdades socioeconômicas existentes e acabar com privilégios.
Comentários serão bem-vindos.
O mundo (e o desvario brasileiro) precisa que se pense no futuro por canais institucionais
de sólida reputação. E na esperança de que não sejam desmontados por (sabem quem…).
Aldo Paviani