Por Aldo Paviani
Para o Correio Braziliense –
Polêmicas à parte, as sugestões para habitar o centro do Plano Piloto de Brasília parecem ser o resgate de ideia antiga de dar vida ao miolo da metrópole que fica às moscas ao fim de cada dia. Geralmente, o centro de cidades grandes tem uma estrutura mais voltada para os negócios e, em quase todas elas, mesmo tendo prédios de moradia, não se agitam à noite. Aqui, teremos o mesmo comportamento, pois as atividades aqui desenvolvidas não são de dinâmica noturna, mesmo tendo hotéis e centros de compras (vulgarmente denominados de shoppings). Ademais, considero que o centro do Plano Piloto tem ao redor inúmeras superquadras destinadas a moradias e estão bem ocupadas. Outra questão é que o núcleo metropolitano, devidamente tombado, poderá abrigar habitações no lugar de escritórios ou abrir outras atividades e poderá não se dinamizar. Isso sendo feito, mais uma vez se centraliza o que foi extremamente focado no Plano Piloto. Sugiro que daqui para a frente se descentralize tudo o que for possível, pois, enquanto a área central (Grupo 1 do Dieese/Codeplan/Setrab) tem, de janeiro a junho de 2019, uma média de 9% de desemprego, no Grupo 4 (Fercal, Estrutural/Varjão, Paranoá e outras localidades de baixa renda), o desemprego chega a 25,4% – superior à média de 19,5% do DF. Assim, descentralizar/desconcentrar é preciso para, inclusive, reduzir o montante de mobilidade para o Plano e elevar a qualidade de vida das demais regiões administrativas. Por isso, a geografia do DF deve se voltar para essas localidades que têm menor capacidade de reter trabalhadores nas proximidades da moradia. O Plano Piloto tem mais de 40% da oferta de atividades e as de melhor remuneração.
» Aldo Paviani, Lago Sul