Por Ulisses Riedel, advogado humanista e presidente da União Planetária, para o Correio Braziliense –
Vivemos em um mundo em que a violência se apresenta de uma forma muito expressiva. Um mundo doente, enfermo. Hoje, não temos segurança se a humanidade sobreviverá à insânia e à ganância dos seres humanos. Precisamos entender o que está errado. Fica a pergunta: esse mundo tem jeito?
É preciso encontrar uma maneira sábia, inteligente, razoável, possível, de fazer o nosso mundo melhor.
Um estudo profundo, sério, cauteloso, nos indica que os problemas humanos têm uma única raiz e que, por igual, as soluções também dependem de um único encaminhamento. Os problemas de relacionamento humano, que dão existência à violência, aos desentendimentos, às guerras, não estão na esfera da materialidade, de planos econômicos ou financeiros, de governos de direita ou de esquerda, de partidos ou ideologias políticas, e sim no âmbito dos valores imateriais éticos ou não éticos adotados pela coletividade.
A situação atual da humanidade não difere da vivida por nossos ancestrais. Ainda hoje vivemos como sendo naturais situações absurdas, desumanas, insensíveis. Não nos comove o quadro de milhares de pessoas, especialmente nos grandes centros urbanos, morando nas ruas, abandonadas. Achamos natural e nos preocupamos com a nossa segurança. Incompreensível que, depois de 100 milhões de pessoas mortas em guerras no século XX continuemos em guerras no século XXI, naturalmente. Poluímos os rios, os aquíferos e conseguimos poluir o mar. Comprometemos a camada de ozônio e continuamos, naturalmente, com os mesmos procedimentos!
Buscando encontrar as saídas para ajudar a cura de nosso mundo enfermo, na busca de um mundo novo, de fraternidade, de entendimento, apresentamos algumas reflexões, possivelmente equivocadas, eis que ninguém é dono da verdade. Mencionamos, a seguir, algumas delas.
É preciso um estudo profundo, com ampla liberdade de pensamento, com maturidade, com um posicionamento ético e humanista, com priorização do diálogo e não do debate, com uma postura suprapartidária, supra religiosa e supra ideológica.
Não existe força externa que venha nos salvar, somos nós mesmos que devemos atuar para fazer uma humanidade harmoniosa, feliz.
Nos valores atuais, o sucesso pessoal está em ficar rico, em não precisar trabalhar e ter uma vida de prazeres, com alicerce na competição e na vitória sobre os mais fracos. Em um mundo assim materializado só pode prevalecer a disputa, a luta, a discórdia. O verdadeiro sucesso é o domínio da personalidade, a conquista de um comportamento ético e moral.
É essencial a “elevação ética da Consciência Planetária”, na busca de uma “nova mentalidade”, que venha criar uma nova humanidade, de dignidade, honradez, companheirismo, cooperação, fraternidade e solidariedade humana. Assim, é fundamental desenvolver uma Pedagogia de Virtudes para que seja possível alterar os paradigmas vigentes. As ideias governam o mundo. Mais forte do que a espada são as ideias. Os valores imateriais, etéreos, intocáveis, éticos e não éticos, definem a organização social. O invisível governa o visível.
Só existe uma única maneira saudável de relacionamento humano: é pelo entendimento, a cooperação, a solidariedade. A cooperação é a marca fundamental da manifestação cósmica. Tudo está em equilíbrio, em harmonia. No corpo humano todos os órgãos e sistemas trabalham em cooperação. As galáxias, os sóis, os planetas se movimentam harmonicamente no espaço. A manifestação cósmica se caracteriza por harmonia e cooperação. Tudo apoia tudo. Tudo se complementa. Para vivermos felizes, em paz, precisamos integrar e participar dessa harmonia e cooperação com toda a humanidade.
A transformação necessária deve começar em cada um de nós, com uma atuação rígida em princípios éticos e de forma flexível em encaminhamentos, com tolerância e respeito às diferenças. Não temos o poder de transformar os outros, podemos apenas ser exemplos de retidão, de coragem, de generosidade, de todos os valores virtuosos, inspirando-os a adotarem o mesmo procedimento.
É preciso vivenciar a humanidade como nossa família, trabalhando pela justiça social, pela fraternidade universal, percebendo que pertencemos todos ao mesmo espaço cósmico, somos um único organismo interconectado. Afinal, “não há ideologia superior à solidariedade”.
É preciso criar uma mentalidade de amorosidade e respeito por todas as pessoas, povos e culturas, com uma postura humanista, considerando todos os seres humanos como irmãos. Nossa atuação deverá ser “um por todos e todos por um”. Essa mudança não será feita com armas, com guerras, com lutas, nem com a imposição de ideias. As pessoas precisam ser conquistadas em suas mentes e corações para os valores éticos, positivos. É preciso substituir a mentalidade vigente, materialista, hedonista, individualista, egoísta, gananciosa, patrimonialista, competitiva, por uma mentalidade ética, virtuosa, cooperativa, solidária, espiritual, de amorosidade, irmandade e fraternidade universal.
Parece impossível? Pode ser, mas não há outro caminho.