Sidarta Ribeiro diz que ciência brasileira é \”um copo meio cheio e meio vazio\”

O neurocientista brasileiro e diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Sidarta Ribeiro, concedeu entrevista ao Movimento 2022, o Brasil que queremos, programa comandado pelo professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), Isaac Roitman. 

Durante o diálogo, Ribeiro falou sobre os principais desafios da produção científica no Brasil. Para ele, embora a ciência brasileira tenha evoluído significativamente nas últimas décadas, ainda existem alguns vilões que dificultam a realização de pesquisas no país.

“A ciência no Brasil é um copo meio cheio e meio vazio. A gente pode olhar para trás e ver que nos últimos 50 anos, nos últimos 60 anos, o que o CNPq e a Capes fizeram é admirável. E, por outro lado, a gente tem uma situação, tem alguns gargalos que nunca se resolveram. Para citar um claro, o problema da exportação de reagentes e equipamentos científicos, que é péssima no Brasil”, ressalta.

Ele também lamentou a extinção do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e falou de suas implicações para o desenvolvimento. “Tem agora uma situação mais grave ainda, que é nesse governo interino, o desmonte da estrutura para se fazer ciência e da própria estrutura do MEC em muitos aspectos, os próprios Institutos Federais de Educação estão sob ataque, e isso afeta a ciência brasileira. Considero muito importante que nós nos mobilizemos para, por exemplo, voltemos a ter um Ministério da Ciência dirigido por um cientista”, conclui.

Sono e memória 

Na entrevista, o neurocientista também falou sobre a sua trajetória profissional, suas pesquisas e descobertas feitas nos processos neurais ligados à memória e ao aprendizado, entre outros. Ele chamou a atenção sobre a importância do sono para a consolidação de lembranças e para o desempenho intelectual, atrelado à prática regular de exercícios físicos e bom hábito alimentar.

“A gente precisa fazer um foco, especialmente em países como o Brasil, e em desenvolvimento ainda, um foco na biologia. Não vou nem dizer a neurociência. Vou dizer a biologia como um todo, antes da psicologia. Sempre que a gente discute pedagogia, estamos discutindo psicologia humana. O que é melhor? Que método funciona melhor para que as crianças aprendam determina do tópico? Mas, essa discussão só pode vir depois de uma discussão biológica ou fisiológica sobre o bem-estar dos indivíduos. Então uma pessoa que não dormiu bem, que não se alimentou bem, uma pessoa que não fez exercícios físicos, ela vai ter muita dificuldade de aprender”, explica o neurocientista brasileiro, lembrando, ainda, que atualmente “há muitas evidências de que o exercício físico antes do aprendizado em aula pode ser benéfico, porque oxigena o cérebro, ativa o córtex pré-frontal e as funções executivas”.

Assista, aqui, esta entrevista na íntegra.  

 

 

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